Este é o único Concerto de Jean Sibelius (1865 – 1957) para instrumento solista e orquestra, o compositor finlandês deixou apenas outras peças menores para violino e orquestra, como Serenatas e Humoresques. Ela destaca-se das demais obras do compositor justamente por isso e pelo seu tom especial e fantástico, integrando a literatura de concertos como obra consagrada para violino e orquestra juntamente com os concertos de Beethoven, Mendelssohn, Brahms e Tchaikovsky. A primeira versão, de 1903, não agradou nem ao público nem ao compositor, apresentava-se mais complexa, mais desunida, além de ser também ainda mais difícil tecnicamente. Buscando um equilíbrio de expressividade maior na sua forma geral, Sibelius revisou e atingiu um resultado que é magnífico. Esta versão final, que veremos hoje, foi estreada em Outubro de 1905, em Berlim, sob a batuta de Richard Strauss. Conforme consta no Centro de Informações de Música Finlandesa, neste Concerto para Violino, Sibelius conseguiu fundir admiravelmente a continuidade sinfônica desejada com uma extrema complexidade técnica, não havendo nada de superficial na virtuosidade da peça. Tudo se faz necessário, até mesmo a cadenza no primeiro movimento, que além de ser uma amostra de virtuosismo, faz também parte essencial da estrutura geral, sendo o grandioso clímax do desenvolvimento do primeiro movimento. Com certeza, a escrita violinística deste concerto exige um solista com habilidades técnicas superiores, mas ao mesmo tempo, o compositor soube explorar todo o inesgotável potencial lírico e melódico do violino.
O concerto começa com algo místico, as cordas pulsando levemente, e então, o violino apresenta uma idéia simples, doce e expressiva. A clarineta repete o tema, e logo após vemos a genialidade de Jean Sibelius, no que se refere ao ambiente harmônico estabelecido. Então um segundo tema apaixonado é dado pela orquestra, seguido do solista, extraindo tudo o que se consegue de expressividade e lirismo do instrumento numa região aguda do mesmo. Ao final do movimento orquestra e o solista retomam simultaneamente todos os temas já expostos anteriormente em uma finalização apoteótica.
Já o segundo movimento, Adagio Di Molto, estabelece um contraste gritante entre os outros dois movimentos. Melodioso, o compositor desenvolve todo o potencial lírico do violino. Uma breve introdução da orquestra deixa o caminho aberto para um solo que lembra uma canção, incrivelmente bela e tocante, acompanhado pela orquestra. É nesse movimento que Sibelius expressa em música toda sua capacidade expressiva, e carga emocional.
Seu movimento final é uma dança que leva a virtuosidade da peça ao seu clímax. Cabe ao violino o anúncio da primeira idéia, a orquestra replica com uma segunda que retomado pelo violino varia o tema, com arpejos, acordes, escalas em harmônicos, até que chega ao ponto em que o solista fica tão ocupado com suas passagens virtuosísticas, que a orquestra toma a dianteira, e conduz a um final extremamente brilhante, com o violino numa nota agudíssima e a orquestra terminando em um esplendoroso uníssono.Program Notes © 2007 by Eduardo Knob
17 de Abril de 2007
Solista: Daniel Guedes
Regente: Nicolas Rauss
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