segunda-feira, 4 de junho de 2007

J.Rodrigo - Concierto de Aranjuez

Nascido em Sagunto, Valencia, Joaquín Rodrigo (1901 – 1999) tornou-se deficiente visual em conseqüência de grave enfermidade aos 3 anos de idade. Isso, segundo ele, o levou para a vida musical ainda mais precocemente. Ele é considerado um dos maiores responsáveis pela divulgação do violão clássico como instrumento solista, apesar de ter sido um pianista virtuose no seu tempo. O Concierto de Aranjuez tornou-se a obra mais reverenciada, para violão e orquestra, composta no século XX. O contexto que cerca sua composição se situa exatamente no período da Guerra Civil Espanhola, que dizimou milhares de pessoas naquele país. Naquela época, Rodrigo e sua mulher, Victoria, tinham fixado residência em Paris – passaram muitas dificuldades, mas a obra foi escrita. Entretanto, em 1939 já puderam voltar para Espanha e, em 1840, foi estreado, em Barcelona, este concerto que foi escrito em homenagem aos vastos jardins de Aranjuez, que fazem parte de um palácio de verão, pertencente aos Reis Bourbon da Espanha. Rodrigo descreveu seu concerto como a captação “da fragrância das magnólias, o cantar dos pássaros e o jorrar dos chafarizes (...)”, as belezas que um homem cego, porém intelectualmente dotado, poderiam apreciar.

O movimento que abre a música, Allegro con spirito, é baseada em danças típicas como o fandango. Tem como característica marcante a alternância rítmica, e ainda mais, o contraste do tema pelo violão e os violinos. A abertura demonstra a habilidade de Rodrigo de equilibrar o som menos potente do violão contra uma orquestra, que nunca se sobrepõe sonoramente ao solista. Este usa técnicas do flamenco, assim como punteados e rasgueados. O auge do movimento se dá com um movido fandango, e então o violão fecha o movimento num suave final. O segundo movimento, o mais conhecido, é marcado pelo diálogo entre o violão e o corne-inglês, com o tema baseado na saeta, uma oração andaluza cantada durante a semana santa, apesar de se referir também à morte do primogênito do compositor. Apesar de uma extensa cadenza e um apaixonado clímax, o movimento acaba de forma reflexiva. O finale é uma engenhosa combinação de sonoridade barroca com melodias folclóricas de caráter dançante, e após uma grande apresentação final, o concerto acaba delicadamente.

Program Notes © 2007 by Eduardo Knob

5 de junho de 2007

Solista: Daniel Wolff

Regente: Carlos Eduardo Moreno

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