Transcorridos 50 anos de falecimento, Jean Sibelius (1865 – 1957) ainda é lembrado como o principal compositor finlandês, compondo um dos mais belos concertos de violino já escritos para este instrumento, além de compor o que acabou sendo a melodia do Hino da Finlândia. É digno de nota que a natureza, assim como a mitologia, sempre estão presentes na sua música. Imbuído de uma série de características estilísticas próprias, como repetitivos trêmulos nas cordas (fazendo um efeito pulsante), longas notas que se sustentam, seu estilo harmônico caracteriza uma linguagem bastante diferenciada. Outra marca da música do compositor finlandês é sua habilidade de apresentar dois andamentos contrastantes ao mesmo tempo, o primeiro rápido e movido, o outro lento, marcado, reforçando a ação musical como um dobrar de sinos. Apesar de suas obras posteriores serem mais compactas, algumas destas características peculiares de Sibelius, como compositor orquestral, aparecem pela primeira vez na sua Sinfonia nº2. Escrita em 1901, durante uma viagem pela Itália e pela Europa Central com sua família, sua segunda sinfonia situa-se num contexto de puro sucesso na vida do compositor, que estreara havia pouco uma de suas obras mais conhecidas: Finlandia. Na sua estréia, a nova sinfonia foi um sucesso de público e o concerto foi repetido quatro vezes.
O primeiro movimento, o mais avançado estilisticamente, é ao mesmo tempo sutil e complexo na sua construção. As variadas melodias, apesar de serem muitas, são relacionadas umas às outras e, o mais interessante, parecem nascer umas das outras. Tanto é assim que a mesma configuração rítmica pulsante nos violinos, presente no início, termina o movimento, mas de uma forma quase que abrupta. O movimento lento, de caráter semelhante a uma rapsódia, começa com uma linha contínua em pizzicato pelos contrabaixos, de onde vem uma tristonha melodia dos fagotes. Em determinado momento neste movimento, o andamento acelera em direção a uma passagem apoteótica dos metais. O 3º movimento, um scherzo vivacíssimo, é mais conciso. Segue-se um Trio (Lento), marcado por uma singular melodia executada pelo oboé. O scherzo é repetido assim como o Trio, só que desta vez conduz de forma arrebatadora para o finale, o último movimento, que é marcado por longas tentativas modulatórias e por uma incrível tensão que conduz a um enérgico final caracterizado pela explosão sonora dos metais.
Program Notes © 2007 by Eduardo Knob
5 de junho de 2007
Regente: Carlos Eduardo Moreno
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