terça-feira, 1 de maio de 2007

J.S.Bach - Concerto para 2 violinos e cordas, BWV 1043

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) absorveu várias influências, entre essas o estilo italiano dos concertos de Vivaldi, chegando a transcrever vários concertos de cordas para teclado. Além disso, sua estruturação em três movimentos (“rápido-lento-rápido”) foi um dos principais elementos trabalhados com um elevado grau de sucesso. Bach apropriou-se dessa forma e a combinou com suas próprias assimilações de outros estilos e técnicas contemporâneas a ele: o trabalho contrapontístico tão divulgado no norte da Europa, as danças das cortes francesas, assim como a vitalidade da melodia italiana. O Concerto em Ré menor para Dois Violinos é um resultado dessas sínteses, além de ser uma das obras instrumentais mais populares de Bach, chegando a ser considerada entre os melhores exemplos de obras barrocas do século XVIII. Escrito em Cöthen, em 1717, mais tarde em 1735, foi transcrito pelo próprio compositor em dó menor no que ficou conhecido como Concerto para dois cravos (ou pianos, atualmente) e cordas, provavelmente para ser tocado no Leipzig Collegium Musicum, do qual ele era o diretor.

As partes dos violinos solo, como um todo, são tratadas como uma dupla melodia, trocando de motivos entre si, usando de um contraponto tão complexo como atrativo, além de estarem sempre envolvidas numa cintilante conversação musical com a orquestra. No primeiro movimento, cheio de uma propulsividade expressiva, encontra-se um exemplo perfeito de tema em ritornello, seguindo a convenção do concerto grosso em que a orquestra alterna entre participação no conjunto e no acompanhamento somente. Esta alternância de solistas – orquestra pode continuar por quanto tempo o compositor desejar. Uma marca do gênio de Bach era seu senso de tempo aliado ao bom gosto – parecia saber instintivamente quanto tempo aqueles movimentos potencialmente infinitos deveriam durar.

O segundo movimento é uma das obras musicais mais intensamente belas já escritas até hoje. Neste movimento, os solistas “flutuam” acima de um simples acompanhamento da orquestra, que, diferentemente do primeiro e terceiro movimentos, agora se restringe a apoiar. Essa transcendente e gentil canção, perpassada de luminosidade, exprime uma contagiante calma e uma ínfima beleza. O senso de drama e urgência, presente no primeiro movimento, retorna agora no finale, provido pela característica energia rítmica de Bach. Esse movimento começa com um cânone, um processo imitativo entre os violinos e que não é de forma alguma esmorecido na continuação, o caráter impulsivo é mantido e cresce energicamente até o final.

Program Notes © 2007 by Eduardo Knob


1º de Maio de 2007

Solistas: Emerson Kretschmer e Márcio Cecconello
Regente: Jocelei Bohrer

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