O formidável legado artístico de Richard Wagner (1813 – 1883) é composto primariamente pelos seus dramas musicais, destacando-se a ópera “Tristão e Isolda” (1859), que é considerada o ponto de partida para a música do futuro. Portanto, a produção operística desse compositor, um conjunto de quatorze obras, que pode ser dividido em três períodos, constitui um marco na história da música.
Rienzi (1838-40) pertence ao seu primeiro estágio, com o estilo composicional ainda bastante convencional, distante das inovações que colocaram Wagner num lugar de destaque na história da música. Neste período, o jovem compositor dividia suas tarefas também como crítico musical, apesar de que suas duas primeiras óperas foram enormes fracassos de crítica, e ele estava sedento por um sucesso no palco. O começo de um projeto de sua terceira ópera pode ser datado do final de 1837, quando o compositor leu a tradução alemã de “Rienzi, The Last of the Roman Tribunes”, do novelista inglês Sir Edward Bulwer-Lytton. O livro foi baseado na história real de Cola di Rienzi, líder populista da Itália do século XIV, auto-intitulado Tribuna de Roma, que liderou uma revolta que tinha por objetivo derrotar os nobres, elevar o poder popular, e unificar a Itália, tendo por objetivo, assim, restaurar a glória romana de outrora. Rienzi triunfa inicialmente, mas, com o tempo, a opinião popular muda e até a Igreja, que de início dera total apoio, se volta contra ele, e assim ele é assassinado no Capitólio. A história se tornou muito atrativa para Wagner, como ele mesmo disse: “Rienzi, com as grandes idéias em seu cérebro, e sentimentos fortes em seu coração, (...) deixou todos meus nervos emocionados de simpatia e afeição”. Rienzi, com seus cinco atos, foi estreada no Teatro Real de Dresden, em 1842, com um imenso sucesso – apesar de sua inédita duração de 6 horas, por seguir a forma operística em voga na época, a Grand Opera, e que foi mantida no decorrer de sua carreira musical. A recepção entusiástica do público de Rienzi, seu primeiro sucesso, assinalou a reviravolta definitiva na carreira musical de Wagner.
A abertura foi a última parte da ópera a ser concluída, em 1840. Começa com uma introdução lenta que conduz a uma enérgica seção mais rápida. Uma nota sustentada pelo trompete, seguida por uma obscura passagem nos cellos e nos contrabaixos, é repetida por uma segunda chamada do trompete, que conduz a uma passagem coral, serena, realizada pelos sopros. Depois de uma terceira nota do trompete, o caráter sombrio retorna, evocando a sinistra atmosfera de Roma. Por fim, um tema nobre emerge: “Du stärktest mich”, uma súplica de Rienzi, da cena inicial do quinto ato. Uma sinistra passagem cromática nos trombones interrompe essa meditação, mas o tema antes apresentado retorna com toda a orquestra. O triunfal Allegro que segue, é baseado no Hino da Batalha do terceiro ato, Santo spirito cavaliere. Uma coda densa confere o caráter decidido do hino final.
Program Notes © 2007 by Eduardo Knob
8 de Maio de 2007
Regente: Osman Gioia
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