terça-feira, 1 de maio de 2007

J.S.Bach - Suíte Orquestral nº3, BWV 1068

Na complexidade intelectual de suas fugas, e na profundidade espiritual de suas Paixões e Cantatas, J.S. Bach (1685 – 1750) nos dá a impressão concreta de que ele encarna toda a seriedade musical possível. Porém, como bom ser humano, também tinha seu lado leve e humorado, e suas quatro suítes orquestrais são um ótimo exemplo de como ele desenvolveu as formas das danças das cortes de seu tempo com graça e elegância. Apesar das datas de criação serem imprecisas, é provável que elas tenham sido compostas durante ou logo após o período de Cöthen. Porém, a orquestra do Príncipe Leopold era modesta, e definitivamente não poderia prover o suntuoso complemento de três trompetes requisitados para tanto esta terceira suíte, que ouviremos hoje, como para a quarta. Porém, no Collegium Musicum de Leipzig, se ele requeresse três trompetes e tímpanos, eles estavam à sua disposição, devido à variedade de músicos. Com sua esplêndida orquestração, esta grande obra deve ter sido feita para uma ocasião muito festiva.

A Suíte nº3 é uma fusão de duas formas muito populares na época: a Abertura Francesa – usada como entrada de óperas e peças – e a Suíte, baseada nas danças tradicionais das cortes francesas. A Abertura Francesa caracteriza-se por seções lentas externas, que enfatizam impositivos ritmos pontuados, intermediada por uma seção mais rápida e imitativa. Aqui a música tem um aspecto grandioso, com majestosas frases marcadas especialmente pelo brilho dos trompetes junto do tímpano. Goethe descreveu essa parte da peça: “Há tanta pompa e cerimônia, que realmente pode-se ver uma procissão de pessoas vestidas elegantemente descendo uma vasta escadaria”.

O movimento seguinte leva o título de “Air”, termo francês usado durante o tempo de Bach para uma peça instrumental em tempo lento com uma doce e agradável melodia na voz superior. Adaptada para violino solo em 1871, pelo violinista alemão August Wilhelmj, é mais conhecida como “Ária na corda Sol”. A seguir, vem um par de Gavottes, uma dança de moderada animação, que tem como ancestral a música camponesa francesa. A Bourée, também de origem francesa é alegre e tem caráter divertido, e quando dançada, começava-se com um leve salto, que é visto aqui pelo padrão de saltos melódicos feitos pelos violinos juntamente com o oboé. A Gigue, originada no folclore das ilhas britânicas e incorporada por compositores franceses e italianos quando migrou para o continente, é caracteristicamente rápida, alegre e fluida, e é a dança que geralmente encerra animadamente uma suíte.

Program Notes © 2007 by Eduardo Knob


1º de Maio de 2007

Regente: Jocelei Bohrer

Nenhum comentário: