terça-feira, 8 de maio de 2007

Prokofiev - Concerto para Piano e Orquestra nº5, op.55

A história do Concerto para Piano nº5, composto pelo russo Sergei Prokofiev (1891 – 1953), se torna muito interessante, sobretudo se levarmos em conta o que o precede neste mesmo gênero musical. O concerto nº4, para mão esquerda, foi feito para o pianista Paul Wittgenstein, que perdeu seu braço direito na Primeira Guerra Mundial, e que rejeitou tocá-lo, dizendo que não conseguira entender uma nota, e desta forma, o concerto para mão esquerda que Ravel compôs para o mesmo pianista tornou-se mais famoso que o do compositor russo. Após o quarto concerto, Prokofiev decidiu criar algo realmente virtuosístico para piano (com ambas as mãos). Este Concerto para Piano nº5, escrito na Berlim de 1932, foi o último concerto para piano completo do compositor, já que o compositor morreu durante o início da produção de seu sexto concerto.

A obra que ouviremos possui características que a tornam singular, como por exemplo, a estranha estruturação em cinco movimentos, em vez da tradicional forma em três movimentos. Outra curiosidade sobre esta obra de grandes proporções, é a respeito de seu título. Originalmente, Prokofiev a chamou de Música para Piano e Orquestra, porém, foi dissuadido da idéia pelo seu amigo e compositor soviético Nikolai Myaskowsky. A estréia deste concerto se deu em outubro de 1932, com a Filarmônica de Berlim conduzida por Wilhelm Furtwängler, e o próprio Prokofiev ao piano.

A música começa com um Allegro con brio, onde solista e orquestra abrem o concerto tocando simultaneamente. Porém, mais adiante, com uma abrupta interrupção de ambas as partes, uma passagem melódica é guiada pela orquestra, seguido sucessivamente por solos e tutti, mantendo certa homogeneidade no todo. Esse diálogo simultâneo entre piano e orquestra continua no segundo movimento, Moderato ben accentuato, que emana uma certa claridade graças à virtuosidade pianística. O terceiro movimento, Allegro con fuoco, leva consigo desde o início um ritmo crepitante, por estar na forma de uma Toccata. Este movimento central resplandece com suas dissonâncias que fundem todas as partes juntas. Curto e tempestuoso, este movimento logo conduz a uma calmaria quando o Larghetto, calmo e meditativo, aparece. Este quarto movimento, caracterizado pela sua simplicidade orquestral, contém uma grande tensão dramática que será abandonada somente com as primeiras notas do quinto e último movimento. Vivo, dançante e com ritmos acessíveis, este finale, com suas impositivas acentuações, restaura a luminosidade e certo humor à obra.

Program Notes © 2007 by Eduardo Knob

8 de Maio de 2007

Solista: Mikhail Rudy

Regente: Osman Gioia

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