terça-feira, 8 de maio de 2007

Tchaikovsky - Francesca da Rimini, op.32

Aproximadamente sete séculos após a criação da Divina Comédia, de Dante Alighieri, Piotr Ilyich Tchaikovsky transforma o Canto V da 1ª parte da referida trilogia, Inferno, em música. Esta parte da obra conta a história do sofrimento de Francesca da Polenta e de seu cunhado e amante Paolo Malatesta da Rimini, irmão de Giovanni, marido traído de Francesca. Segundo Dante, Francesca e Paolo ficaram na parte do Inferno destinada aos adúlteros, juntamente com Helena de Tróia, Páris, Cleópatra, Tristão, Isolda, e outros que, em vida, pecaram pelas tempestuosas paixões que sentiam, e assim eram condenados a eternas tormentas no inferno. Tchaikovsky, durante uma viagem de trem entre Alemanha e Rússia, lera um libreto enviado por seu irmão, Modest, pois este ficou sabendo que seu irmão compositor estava ansioso para escrever uma ópera, e sugeriu que tomasse a história de Francesca da Rimini como tema. Porém, o projeto de ópera foi adiado. Conforme o próprio Tchaikovsky escreveu para o seu irmão, ele foi “tomado completamente pelo desejo de escrever um poema sinfônico sobre Francesca”. Pelo que tudo indica, este grandioso poema sinfônico foi feito em Moscou, no outono de 1876, em apenas três semanas. Poema sinfônico quer dizer música programática, música incidental, feita para representar em música certa cronologia de fatos.

Não é diferente aqui, em que a lúgubre seção introdutória pode ser identificada como a passagem de Dante pelo Rio Styx, um dos três rios que faziam a fronteira do tártaro, e através dos portões do submundo (“Abandonai toda esperança, vós que aqui entrais”). A esta cena, segue-se uma furiosa passagem que retrata as ventanias e tormentas do limbo onde os adúlteros ficaram. Em contraste com essa música violenta, a seção central é Francesca da Rimini narrando a história trágica de seu amor por Paolo. Aqui se tem um total tratamento orquestral, constituído de variações livres sobre o tema de Francesca, uma melodia ardente de extremo lirismo. Mas esse idílico interlúdio é cortado abruptamente pela volta dos furacões do inferno, e Francesca da Rimini termina ferozmente com poderosos acordes em toda a orquestra.

Program Notes © 2007 by Eduardo Knob

8 de Maio de 2007

Regente: Osman Gioia

Um comentário:

Anônimo disse...

Fiquei realmente curioso em saber qual era a verdadeira intenção de Modest ao pedir que Tchaikovsky retratasse uma história de adulteros. poderiam esplicar-me?