quarta-feira, 16 de maio de 2007

F.Liszt - Concerto para Piano e Orquestra nº1, em Mi bemol Maior

Em seus anos de longa experimentação virtuosística, Franz Liszt (1811 – 1886) criou novas técnicas para tocar piano, por um lado, baseado na magia do virtuosismo acrobático de Paganini ao violino e, por outro, no desejo obsessivo de produzir efeitos sinfônicos ao piano. Os primeiros esboços deste concerto chegam a 1830, termina uma versão adiantada em 1849, e revisa pelo menos duas vezes até sua publicação em 1857.

Escrito numa época em que o compositor voltara-se mais para a composição orquestral a partir de uma idéia poética, encontram-se aqui os traços mais marcantes de suas realizações musicais, a técnica pianística unida com o espírito do poema sinfônico. Além disso, Liszt toma de Hector Berlioz um recurso pioneiro (Berlioz regeu Liszt ao piano na estréia deste concerto no ano de 1855, em Weimar): a ligação associativa de temas por meio de uma idéia fixa recorrente para unir todos os movimentos, procedimento que Beethoven já usara.

A principal idéia do primeiro tema recorre de modo a dominar o ambiente musical do concerto como um todo. Trata-se de um tema heróico, grandioso com as cordas em uníssono pontuadas com uma resposta dos sopros, até que o piano assume o controle, numa seqüência ascendente de saltos de oitava, e logo executa uma cadenza. Um segundo tema, melancolicamente lírico surge, porém logo em seguida, a idéia principal do início prevalece e é conduzida com algumas variações até um suave final deste Allegro maestoso. O segundo movimento, Quasi adagio, assume um caráter meditativo, caracterizado por um longo solo do piano, e mais tarde quando a orquestra retorna, uma seção mais rápida e apaixonada é sucedida por uma passagem de caráter contemplativo e, de forma surpreendente, conduz sem paradas a um espirituoso scherzo, salientado pelo mordaz triângulo. Segundo Helmut Rhom, é nesse movimento (Allegretto vivace - Allegro animatto) que Liszt expande o concerto em sua forma usual de três movimentos, aplicando o conceito de “concerto sinfônico”. O quarto movimento, Allegro marziale animatto, é uma recapitulação rápida de todos os motivos usados no concerto, com a idéia principal do 1º movimento concluindo a obra de forma arrebatadora.

Program Notes © 2007 by Eduardo Knob

22 de Maio de 2007

Solista: Josias Matschulat
Regente: Manfredo Schmiedt

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